Manuel Mendes (n. Lisboa, c.1547, m. Évora, 1605) foi mestre de capela na Sé de Portalegre e, mais tarde, mestre da capela privativa do Cardeal D. Henrique, ocupando este posto quando, em 1575, este prelado regressou a ocupar o Arcebispado de Évora. Nesse mesmo ano foi ordenado tornando-se bacharel da Catedral uma década depois. Mendes gozou de uma considerável reputação no seu tempo não só pela sua obra musical, mas também como pedagogo: entre os seus discípulos contam-se alguns dos mais importantes compositores da geração seguinte onde se incluem Manuel Cardoso, Duarte Lobo e Filipe de Magalhães. A sua obra musical é elogiada pelos seus contemporâneos, como é o caso de Manuel de Faria e Sousa que, na Fonte de Aganipe (Madrid, 1644), coloca a obra de Mendes a par da de Morales ou Guerrero. No seu testamento, Mendes lega os seus livros de música a Filipe de Magalhães, com intenção que estes fossem publicados. Contudo a impressão dos livros de missas e Magnificat referidos pelo Deão da Capela Real (à qual pertencia Magalhães) na intenção de publicação revelou-se infrutífera. Da escassa obra musical sobrevivente de Manuel Mendes contam-se duas antífonas Asperges Me, para quatro e oito vozes (sendo três das oito vozes desta última sido acrescentadas posteriormente); Uma Missa pro Defunctis a quatro vozes, com uma versão a oito vozes existente na Guatemala, uma Missa Ferialis a quatro vozes e um Alleluia a quatro vozes, que ganhou grande circulação no seu tempo. No catálogo da biblioteca musical de D. João IV existem referências a uma Arte de Musica, e seis motetes, não tendo estas obras sobrevivido até à actualidade.
Luís Henriques