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Calenda de Natal • C. Gregroriano
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Versão I

  • Calenda de Natal | Nota Litúrgica

Na proximidade do Natal do Senhor, voltamos a sugerir a valorização da “Calenda” de Natal. Este «anúncio solene», segundo a descrição do Martirológio Romano (edição oficial Portuguesa de 2013), pode cantar-se segundo as melodias aí publicadas. Foram em 2017 publicadas online, na página do Secretariado Nacional de Liturgia, e podem ser encontradas no fim desta publicação.

A Calenda de Natal situa o Mistério da Incarnação no contexto da história do cosmos (Criação do mundo e Dilúvio), da história do Povo de Deus (Abraão, Êxodo, David) e da história universal (olimpíadas, fundação de Roma e império de Augusto). O Natal é uma consagração do mundo e da história humana com horizontes ecuménicos de uma abertura verdadeiramente universal.

A Calenda cantava-se na Hora de Prima, suprimida na reforma litúrgica. Atualmente, a leitura do Martirológio está prevista para o final das Laudes, a seguir à oração conclusiva da Hora, ou para o final de qualquer Hora Menor (Martirológio, p. 27, n. 1, 5). No Natal, porém, o Martirológio propõe o canto do anúncio solene do Natal no ofício de Vigília (pág. 27) que, desejavelmente, deve preceder a Missa da Noite (cf. rubrica no final do Ofício de Leituras do Natal do Senhor). A Calenda seria o último elemento desse Ofício, seguindo-se a Procissão de entrada da Missa, a qual prosseguiria com o canto do Glória (omitindo-se os demais ritos iniciais da Missa) e a Oração Coleta. Como veremos, este foi o modelo seguido no Pontificado de Bento XVI.

Quanto à celebração e ao momento da celebração em que se cantam as calendas, as hipóteses são múltiplas:

  1. a) O Martirológio Romano prevê que seja na «vigília de Natal» (pág. 28, nº 8). Segundo a regra, o «elogio» do Martirológio recita-se ou canta-se após a oração conclusiva de Laudes ou de uma Hora Menor do dia precedente (24 de dezembro). Nas comunidades religiosas com celebração coral da LH, pode manter-se esse uso.
  2. b) No Pontificado de Bento XVI, na Basílica de São Pedro, a regra era fazer preceder a Missa da Noite da celebração comunitária do Ofício de Leituras. No final deste, cantava-se a Calenda. A celebração da Missa prosseguia, conforme prescreve a Liturgia das Horas, com o canto do Glória a Deus nas Alturas, que substitui o Te Deum (ver rubrica em Liturgia das Horas, vol. I, no fim do Ofício de Leitura do Natal do Senhor). Esta modalidade, pela sua coerência e integridade, parece ser de preferir nas comunidades onde a Missa da Noite de Natal seja precedida da celebração comunitária do Ofício de Leitura.
  3. c) No Pontificado de João Paulo II, a Calenda era cantada nos ritos iniciais da Missa da Noite de Natal, na Basílica de São Pedro no Vaticano. Após a saudação e monição inicial, cantava-se a Calenda. Terminada esta, entoava-se o Glória a Deus nas alturas, omitindo-se o Ato Penitencial e o Kyrie. Esta parece-nos ser a opção mais indicada para a generalidade das comunidades em que não há celebração comunitária do Ofício de Leituras antes da Missa da Noite de Natal.
  4. d) No Pontificado atual, do Papa Francisco, a Calenda tem-se cantado no início da Missa da Noite, na Basílica de São Pedro, quando a Procissão de Entrada chega diante do Altar da Confissão (altar-mor desta Basílica). Interrompe-se o cântico de entrada e canta-se a Calenda. No final desta, descobre-se uma imagem do Menino, colocada em lugar de destaque. Depois, a procissão de entrada prossegue com a saudação e incensação do altar, etc.

O canto da Calenda pode ser executado por um cantor, ou por um diácono, ou até, na falta dessas alternativas, pelo próprio sacerdote que preside à celebração (se for capaz de o fazer de forma condigna!). Quanto ao lugar para o canto, em analogia com o Precónio Pascal e o Anúncio das Festas Móveis (na Epifania), parece adequado ser o ambão. É o lugar do «Hoje» da Palavra. Entretanto, se houver reticências a esta sugestão, prepare-se uma estante para o cantor, em lugar visível e, se necessário, devidamente sonorizado.

Uma particularidade do canto da Calenda é a de fazer uso (ainda que facultativo, segundo Instrução Geral do Martirológio Romano) do Calendário Lunar para anunciar os dias. Trata-se de uma referência ao calendário judaico, que conta os dias do mês a partir do primeiro dia da lua nova. Por isso, neste ano o dia 25 de dezembro é o 29º do mês lunar judaico, isto é, o 29º dia desde que iniciou-se a lua nova.

Transcrevemos aqui o texto oficial:

«Dia 8 das Calendas de Janeiro. Lua vigésima nona. Passados inumeráveis séculos desde a criação do mundo, quando no princípio Deus criou o céu e a terra e formou o homem à sua imagem; depois de muitos séculos, desde que o Altíssimo pôs o seu arco nas nuvens como sinal de aliança e de paz; vinte e um séculos depois da emigração de Abraão, nosso pai na fé, de Ur dos Caldeus; treze séculos depois de Israel ter saído do Egipto, guiado por Moisés; cerca de mil anos depois que David foi ungido rei; na semana sexagésima quinta, segundo a profecia de Daniel; na Olimpíada cento e noventa e quatro; no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma; no ano quarenta e dois do império de César Octávio Augusto; estando todo o orbe em paz, Jesus Cristo, Deus eterno e Filho do eterno Pai, querendo consagrar o mundo com a sua piedosíssima vinda, concebido pelo Espírito Santo, nove meses depois da sua conceição, nasceu em Belém de Judá, da Virgem Maria, feito homem: Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne».

Fonte: SNL e Voz Portucalense

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