Celebração da Paixão do Senhor
Nota introdutória
Salmo Responsorial
Aclamação ao Evangelho
Adoração da Santa Cruz
Antífona de Comunhão
Nota introdutória

«(...) A Sexta-Feira Santa, que comemora os eventos que vão da condenação à morte até à crucifixão de Cristo, é um dia de penitência, de jejum e de oração, de participação na Paixão do Senhor. Na hora estabelecida, a Assembleia cristã percorre, com a ajuda da Palavra de Deus e dos gestos litúrgicos, a história da infidelidade humana ao desígnio divino, que contudo se realiza precisamente assim, e ouve de novo a narração comovedora da Paixão dolorosa do Senhor. Dirige depois ao Pai celeste a longa "oração dos fiéis", que inclui todas as necessidades da Igreja e do mundo. Em seguida, a Comunidade adora a Cruz e aproxima-se da Eucaristia, consumando as espécies sagradas conservadas da Missa in Cena Domini do dia anterior. Ao comentar a Sexta-Feira Santa, São João Crisóstomo observa: "Primeiro a cruz significava desprezo, mas hoje é esperança de salvação. Tornou-se verdadeiramente fonte de bens infinitos; libertou-nos do erro, dissipou as nossas trevas, reconciliou-nos com Deus, transformou-nos de inimigos em seus familiares, de estrangeiros em seus próximos: esta cruz é a destruição da inimizade, a fonte da paz, o cofre do nosso tesouro (De cruce et latrone I, 1, 4). (...)» 
(Bento XVI - Audiência Geral das Quarta-Feira de 7 de Abril de 2007)


Segundo as rubricas do Missal, esta celebração inicia-se em silêncio, havendo lugar para um momento profundo de oração silenciosa, após o qual se segue a Liturgia da Palavra. (M.R. p.251 n.8)

Leitura I

[Is 52, 13 – 53, 12] 
Escolhido por Deus para libertar da opressão do pecado o Seu Povo, o «Servo» realizará na humilhação e na dor a sua missão de resgate. Rei e profeta, será também consagrado, com a unção do «Servo», para exercer a função sacerdotal de mediador. Pelo sacrifício da sua vida, oferecido a favor dos homens e em sua substituição, reconciliará os homens com Deus. No seu aniquilamento conhecerá a glorificação: o seu sacrifício dará origem a uma humanidade nova. 
Apresentando a figura misteriosa do «Servo» é Jesus Cristo que o profeta anuncia. Ele é o «Servo de Deus». Da Sua morte nascerá um novo Povo, a Igreja. 

Leitura do Livro de Isaías 
Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto ¬¬– tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano ¬¬– assim se hão-de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão-de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores. 
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial

[Salmo 30 (31), 2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc 23, 46) ]
 

Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito.

Em Vós, Senhor, me refugio, 
jamais serei confundido, 
pela vossa justiça, salvai-me. 
Em vossas mãos entrego o meu espírito, 
Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Tornei-me o escárnio dos meus inimigos, 
o desprezo dos meus vizinhos 
e o terror dos meus conhecidos: 
todos evitam passar por mim. 
Esqueceram-me como se fosse um morto, 
tornei-me como um objecto abandonado. 

Eu, porém, confio no Senhor: 
Disse: «Vós sois o meu Deus, 
nas vossas mãos está o meu destino». 
Livrai-me das mãos dos meus inimigos 
e de quantos me perseguem. 

Fazei brilhar sobre mim a vossa face, 
salvai-me pela vossa bondade. 
Tende coragem e animai-vos, 
vós todos que esperais no Senhor.
 

• Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito – Az. Oliveira (SRAO A, p. 60-61 | SRAO B, p. 60-61 | SRAO C, p. 60-61)
• Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito – B. Sousa (OL)
• Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito – M. Carneiro (RBP, 118-119 | SRMC A, p. 46-47 | SRMC B, p. 48-49 | SRMC C, p. 48-49)
• Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito – M. Luís (NCT, 135 | SRML, p. 58-59)
Leitura II

[Hebr 4, 14-16; 5, 7-9] 
Solidário com o homem, em virtude da natureza humana que assumiu, com todas as limitações e sofrimentos, Jesus Cristo não é apenas o «Homem das dores», apresentado por Isaías. É também o nosso Sumo Sacerdote e o único Mediador entre Deus e os homens. Pelo seu sacrifício de obediência, que o levou à cruz Ele resgatou a humanidade e com a confiança do Pai, restituiu-lhe a misericórdia e a graça. A sua morte foi causa da nossa salvação. 

Leitura da Epístola aos Hebreus 
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna. 
Palavra do Senhor. 
 

Aclamação ao Evangelho

V/ Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz. 
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome 
que está acima de todos os nomes. 

• Glória a Vós, Cristo | Cristo obedeceu até à morte – V. Pereira, J. J. Ribeiro (ELC, p. 16-17)
Evangelho

[Jo 18, 1-19, 42]
O discípulo predilecto de Jesus foi aquele que, mais de perto, viveu a sua Paixão. No relato que dela nos transmitiu, deixa, sobretudo, transparecer a sua admiração pela maneira como Jesus enfrenta a morte. Não é, na verdade, como um vencido pelo sofrimento que avança para ela. Consciente de que chegara a Sua «Hora», encaminha-Se, livremente e como senhor dos acontecimentos, a cumprir a acção solene, que havia predito e constitui a sua missão. Acompanhando-O no Seu sofrimento, João vê n'Ele o Verbo Encarnado, O Verdadeiro Cordeiro de Deus, cujo Sacrifício redentor se prolongará, sacramentalmente, na Igreja, presente em Maria que junto da Cruz de Jesus e ao lado do Evangelista, se associava à geração da nova humanidade. 

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 
Naquele tempo, 
Jesus saiu com os seus discípulos 
para o outro lado da torrente do Cedron. 
Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos. 
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local, 
porque Jesus Se reunira lá muitas vezes 
com os discípulos. 
Tomando consigo uma companhia de soldados 
e alguns guardas, 
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, 
Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas. 
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer, 
adiantou-Se e perguntou-lhes: 
J «A quem buscais?». 
N Eles responderam-Lhe: 
R «A Jesus, o Nazareno». 
N Jesus disse-lhes: 
J «Sou Eu». 
N Judas, que O ia entregar, também estava com eles. 
Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu», 
recuaram e caíram por terra. 
Jesus perguntou-lhes novamente: 
J «A quem buscais?». 
N Eles responderam: 
R «A Jesus, o Nazareno». 
N Disse-lhes Jesus: 
J «Já vos disse que sou Eu. 
Por isso, se é a Mim que buscais, 
deixai que estes se retirem». 
N Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: 
«Daqueles que Me deste, não perdi nenhum». 
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada, 
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, 
cortando-lhe a orelha direita. 
O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro: 
J «Mete a tua espada na bainha. 
Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?». 
N Então, a companhia de soldados, 
o oficial e os guardas dos judeus 
apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O. 
Levaram-n’O primeiro a Anás, 
por ser sogro de Caifás, 
que era o sumo sacerdote nesse ano. 
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: 
«Convém que morra um só homem pelo povo». 
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus 
com outro discípulo. 
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote 
e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote, 
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. 
Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote, 
falou à porteira e levou Pedro para dentro. 
A porteira disse a Pedro: 
R «Tu não és dos discípulos desse homem?». 
N Ele respondeu: 
R «Não sou». 
N Estavam ali presentes os servos e os guardas, 
que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro 
e se aqueciam. 
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se. 
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus 
acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 
Jesus respondeu-lhe: 
J «Falei abertamente ao mundo. 
Sempre ensinei na sinagoga e no templo, 
onde todos os judeus se reúnem, 
e não disse nada em segredo. 
Porque Me interrogas? 
Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse: 
eles bem sabem aquilo de que lhes falei». 
N A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente 
deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe: 
R «É assim que respondes ao sumo sacerdote?». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «Se falei mal, mostra-Me em quê. 
Mas, se falei bem, porque Me bates?». 
N Então Anás mandou Jesus manietado 
ao sumo sacerdote Caifás. 
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. 
Disseram-lhe então: 
R «Tu não és também um dos seus discípulos?». 
N Ele negou, dizendo: 
R «Não sou». 
N Replicou um dos servos do sumo sacerdote, 
parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: 
R «Então eu não te vi com Ele no jardim?». 
N Pedro negou novamente, 
e logo um galo cantou. 
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório. 
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para 
não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa. 
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: 
R «Que acusação trazeis contra este homem?». 
N Eles responderam-lhe: 
R «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos». 
N Disse-lhes Pilatos: 
R «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei». 
N Os judeus responderam: 
R «Não nos é permitido dar a morte a ninguém». 
N Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito, 
ao indicar de que morte ia morrer. 
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, 
chamou Jesus e perguntou-Lhe: 
R «Tu és o Rei dos judeus?». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «É por ti que o dizes, 
ou foram outros que to disseram de Mim?». 


N Disse-Lhe Pilatos: 
R «Porventura sou eu judeu? 
O teu povo e os sumos sacerdotes 
é que Te entregaram a Mim. 
Que fizeste?». 
N Jesus respondeu: 
J «O meu reino não é deste mundo. 
Se o meu reino fosse deste mundo, 
os meus guardas lutariam 
para que Eu não fosse entregue aos judeus. 
Mas o meu reino não é daqui». 
N Disse-Lhe Pilatos: 
R «Então, Tu és Rei?». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «É como dizes: sou Rei. 
Para isso nasci e vim ao mundo, 
a fim de dar testemunho da verdade. 
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». 
N Disse-Lhe Pilatos: 
R «Que é a verdade?». 
N Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus: 
R «Não encontro neste homem culpa nenhuma. 
Mas vós estais habituados 
a que eu vos solte alguém pela Páscoa. 
Quereis que vos solte o Rei dos judeus?». 
N Eles gritaram de novo: 
R «Esse não. Antes Barrabás». 
N Barrabás era um salteador. 
Então Pilatos mandou que levassem Jesus 
e O açoitassem. 
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, 
colocaram-Lha na cabeça 
e envolveram Jesus num manto de púrpura. 
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: 
R «Salve, Rei dos judeus». 
N E davam-Lhe bofetadas. 
Pilatos saiu novamente para fora e disse: 
R «Eu vo-l’O trago aqui fora, 
para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma». 

N Jesus saiu, 
trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. 
Pilatos disse-lhes: 
R «Eis o homem». 
N Quando viram Jesus, 
os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram: 
R «Crucifica-O! Crucifica-O!». 
N Disse-lhes Pilatos: 
R «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O, 
que eu não encontro n’Ele culpa alguma». 
N Responderam-lhe os judeus: 
R «Nós temos uma lei 
e, segundo a nossa lei, deve morrer, 
porque Se fez Filho de Deus». 
N Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado. 
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus: 
R «Donde és Tu?». 
N Mas Jesus não lhe deu resposta. 
Disse-Lhe então Pilatos: 
R «Não me falas? Não sabes que tenho poder 
para Te soltar e para Te crucificar?». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «Nenhum poder terias sobre Mim, 
se não te fosse dado do alto. 
Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado». 
N A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus. 
Mas os judeus gritavam: 
R «Se O libertares, não és amigo de César: 
todo aquele que se faz rei é contra César». 
N Ao ouvir estas palavras, 
Pilatos trouxe Jesus para fora 
e sentou-se no tribunal, 
no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá». 
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. 
Disse então aos judeus: 
R «Eis o vosso Rei!». 
N Mas eles gritaram: 
R «À morte, à morte! Crucifica-O!». 


N Disse-lhes Pilatos: 
R «Hei-de crucificar o vosso Rei?». 
N Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes: 
R «Não temos outro rei senão César». 
N Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado. 
E eles apoderaram-se de Jesus. 
Levando a cruz, 
Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário, 
que em hebraico se diz Gólgota. 
Ali O crucificaram, e com Ele mais dois: 
um de cada lado e Jesus no meio. 
Pilatos escreveu ainda um letreiro 
e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito: 
«Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus». 
Muitos judeus leram esse letreiro, 
porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado 
era perto da cidade. 
Estava escrito em hebraico, grego e latim. 
Diziam então a Pilatos 
os príncipes dos sacerdotes dos judeus: 
R «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’, 
mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’». 
N Pilatos retorquiu: 
R «O que escrevi está escrito». 
N Quando crucificaram Jesus, 
os soldados tomaram as suas vestes, 
das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, 
e ficaram também com a túnica. 
A túnica não tinha costura: 
era tecida de alto a baixo como um todo. 
Disseram uns aos outros: 
R «Não a rasguemos, mas lancemos sortes, 
para ver de quem será». 
N Assim se cumpria a Escritura: 
«Repartiram entre si as minhas vestes 
e deitaram sortes sobre a minha túnica». 
Foi o que fizeram os soldados. 
Estavam junto à cruz de Jesus 
sua Mãe, a irmã de sua Mãe, 
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto, 
Jesus disse a sua Mãe: 
J «Mulher, eis o teu filho». 
N Depois disse ao discípulo: 
J «Eis a tua Mãe». 
N E a partir daquela hora, 
o discípulo recebeu-a em sua casa. 
Depois, sabendo que tudo estava consumado 
e para que se cumprisse a Escritura, 
Jesus disse: 
J «Tenho sede». 
N Estava ali um vaso cheio de vinagre. 
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre 
e levaram-Lha à boca. 
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: 
J «Tudo está consumado». 
N E, inclinando a cabeça, expirou. 
N Por ser a Preparação, e para que os corpos 
não ficassem na cruz durante o sábado, 
– era um grande dia aquele sábado – 
os judeus pediram a Pilatos 
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, 
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. 
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, 
não Lhe quebraram as pernas, 
mas um dos soldados 
trespassou-Lhe o lado com uma lança, 
e logo saiu sangue e água. 
Aquele que viu é que dá testemunho 
e o seu testemunho é verdadeiro. 
Ele sabe que diz a verdade, 
para que também vós acrediteis. 
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: 
«Nenhum osso Lhe será quebrado». 
Diz ainda outra passagem da Escritura: 
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram». 
Depois disto, José de Arimateia, 
que era discípulo de Jesus, 
embora oculto por medo dos judeus, 
pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus. 
Pilatos permitiu-lho. 
José veio então tirar o corpo de Jesus. 
Veio também Nicodemos, 
aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus. 
Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés. 
Tomaram o corpo de Jesus 
e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes, 
como é costume sepultar entre os judeus. 
No local em que Jesus tinha sido crucificado, 
havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, 
no qual ainda ninguém fora sepultado. 
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, 
porque o sepulcro ficava perto, 
depositaram Jesus. 
Palavra da salvação.

Adoração da Santa Cruz

APRESENTAÇÃO DA SANTA CRUZ

• Ecce lignum – C. Gregroriano
• Eis o madeiro da Cruz – C. Gregroriano

ADORAÇÃO DA SANTA CRUZ

Diz o Missal Romano no número 18 da Celebração da Paixão do Senhor: 
«18. Para a adoração da Cruz (....) Entretanto canta-se a antífona Crucem tuam (Adoramos, Senhor, a vossa Cruz), os Impropérios ou outros cânticos apropriados.»
Assim, propõe o Missal Romano, nas páginas 272 a 277, três cânticos para este momento:

 

Antífona
Adoramos, Senhor, a vossa Cruz, 
louvamos e bendizemos a vossa ressurreição gloriosa:  
pela Cruz veio a alegria ao mundo inteiro. 

 

• A vossa Cruz, Senhor, nós adoramos – M. Luís (CAC, p. 182-183)
• Adoramos, Senhor, a vossa Cruz – M. Borda (NRMS, 25)
• Adoramos, Senhor, a vossa Cruz – M. Luís (NCT, 138)
• Adoramos, Senhor, a vossa Cruz - I – F. Santos (LHTP-FS, p. 25)
• Adoramos, Senhor, a vossa Cruz - II – F. Santos (BML, 80-81 | LHC II, p. 469)
• Adoramos, Senhor, a vossa Santa Cruz – M. Faria (IC, p. 905-906 | NRMS, 32)
• Crucem tuam adoramus – C. Gregroriano

[Outras sugestões]

• Ouvimos dentro de nós – M. Carneiro (NRMS, 153-156)

 

Impropérios
Meu povo, que mal te fiz Eu? Em que te contristei?
Responde-me.

«Impropério significa reprovação. Na Liturgia, aplica-se às queixas de Jesus contra o seu povo, que se entoam durante a adoração da Cruz, em Sexta-Feira Santa. (...) O texto actual destas lamentações ou impropérios é do século IX. Há dois planos misturados: a queixa de Javé contra Israel, no Antigo Testamento, e a de Jesus crucificado dirigida ao seu povo, no Novo Testamento: “Meu povo, que te fiz eu, em que te contristei Responde-me. Eu tirei-te do Egipto, submergindo o Faraó no Mar Vermelho e tu entregaste-me aos príncipes dos sacerdotes.” O canto dos impropérios conclui com um triságio de Louvor: «Hágios o Theós» (Deus Santo)»
(in Dicionário Elementar de Liturgia)

• Meu povo, que mal te fiz eu? – Az. Oliveira (NRMS, 153-156 | CN, 615)
• Meu povo, que te fiz eu? – F. Santos (CN, 616)
• Meu povo, que te fiz eu? – M. Luís (CAC, p. 211-212 | Libellus, 5 | NCT, 140 | CN, 117)
• Meu povo, que te fiz eu? [ii] – M. Luís (CAC, p. 218-219)
• Popule meus – C. Gregroriano
• Povo Meu, que te fiz eu? – B. Sousa (CLMS)

[Outras sugestões]

• A Cruz fizera ao mundo – F. Silva (IC, p. 193 | NRMS, 29)
• Bendita e louvada seja – M. Luís (CAC, p. 186-187)
• Cobriu-se a terra de luto – M. Luís (IC, p. 203 | NRMS, 11)
• Crucifixus – J. A. Nunes (OCL)
• Entregou-Se ao sacrifício – F. Santos (CP III, p. 323 | LHC II, p. 67 | NCT, 509)
• Hino à Cruz – T. Sousa
• Nós Vos adoramos e Vos bendizemos – A. Mendes (CN, 664)
• Nós Vos adoramos e Vos bendizemos – M. Faria (IC, p. 906 | NCT, 141 | NRMS, 32)
• Nós Vos adoramos e Vos bendizemos – C. Silva (OC, p. 166)
• Nós Vos adoramos, ó Cristo – M. Luís (CAC, p. 223-224)
• Nós Vos adoramos, ó Cristo – M. Carneiro (RBP, p. 125-126)
• Nós Vos louvamos e bendizemos – J. Santos (IC, p. 228 | NRMS, 69)
• Nós Vos louvamos, Senhor – F. Santos (BML, 65 | NCT, 685)
• Ó Cruz bendita – M. Borda (IC, p. 231-232 | NRMS, 43)
• Ó Cruz vitoriosa – F. Silva (IC, p. 232-233 | NCT, 143 | NRMS, 29)
• O estandarte da Cruz proclama ao mundo – M. Faria (IC, p. 903 | LHC II, p. 66 | NCT, 144 | NRMS, 32)
• O estandarte da Cruz proclama ao mundo – M. Luís (LHC II, p. 65 | NCT, 502)
• O estandarte da Cruz proclama ao mundo – F. Santos (BML, 45 | CP I, p. 363-364, 365)
• O estandarte da Cruz proclama ao mundo – M. Simões (BML, 45 | LHC II, p. 65)
• Ó Vós todos que passais – C. Silva (OC_2, p. 229)
• Ouvimos dentro de nós – M. Carneiro (NRMS, 153-156)
• Salve Cruz, esperança única – M. Faria (BML, 30)
• Salve, ó Cruz – M. Faria (IC, p. 937 | NCT, 117)
• Vendo sua mãe – F. Silva (ENPL, XIII | NCT, 649)
• Vinde, adoremos a cruz – Az. Oliveira (IC, p. 255 | NRMS, 105)
• Vinde, adoremos o Senhor – M. Luís (CAC, p. 239-240 | NCT, 145)

Hino
Cruz fiel e redentora, Árvore nobre, gloriosa
Nenhuma outra nos deu tal ramagem, flor e fruto: 
Doces cravos, doce lenho, doce peso sustentais.

«(...) Além disso, o Missal convida a cantar, neste momento, o hino Cruz fiel e redentora. O povo crente “desagrava” assim, expressivamente, os motivos da queixa de Jesus. (...)” 
(in Dicionário Elementar de Liturgia)

• Crux fidelis – C. Gregroriano
• Crux fidelis – D. João IV
• Crux fidelis – M. Faria (NRMS, 32)
• Cruz fiel e redentora – M. Faria (IC, p. 206-206 | NRMS, 25)
• Ó Cruz fiel – F. Santos (BML, 51 | NCT, 142)
Antífona de Comunhão
• Amai como Eu vos amei – J. Santos (IC, p. 196-197 | NRMS, 87)
• Ao nome de Jesus – M. Simões (ENPL, XXIII; XXIV; XL)
• Cristo, imolado na cruz – E. Amorim (SDLP)
• Cristo, Jesus – F. Lapa (SDLP)
• Deus amou de tal modo o mundo - II – F. Valente (BML, 141-142)
• Deus enviou ao mundo – M. Luís (CAC, p. 82-83 | CEC I, p. 53-54 | NCT, 76)
• Deus não perdoou ao Seu próprio Filho – M. Luís (LHC II, p. 462)
• Deus não perdoou ao Seu próprio Filho – Az. Oliveira (LHC II, p. 458)
• Deus não perdoou ao seu próprio Filho – M. Luís (LHC II, p. 326 ou p. 462 | LHTP-ML, p. 14)
• Deus não perdoou ao seu próprio Filho – Az. Oliveira (LHC II, p. 458)
• Deus não perdoou ao seu próprio Filho - I – F. Santos (LHC II, p. 466)
• Ele foi trespassado – M. Luís (CAC, p. 195)
• Jesus Cristo amou-nos – M. Luís (CAC, p. 203 | CEC I, p. 135 | CN, 553)
• Jesus Cristo amou-nos – F. Santos (LHC II, p. 468 | NCT, 511)
• Jesus Cristo amou-nos – Az. Oliveira (LHC II, p. 459-460)
• Jesus Cristo amou-nos - II – F. Santos (LHTP-FS, p. 23)
• Jesus nossa redenção – M. Luís (ENPL, XXXVIII | NCT, 567)
• Lembra-Te de mim, Senhor – F. Silva (IC, p. 221-222 | NRMS, 69)
• Lembrai-vos de nós, Senhor – M. Luís (BML, 44 | CAC, p. 204-205 | CEC II, p. 203-204 | NCT, 146)
• Não há maior prova de amor – M. Faria (IC, p. 222-223 | NRMS, 29)
• O Filho do Homem – F. Santos (BML, 45 | CEC I, p. 105-106)
• Suportou as nossas enfermidades – F. Santos (NCT, 500)
• Vendo sua mãe – F. Silva (ENPL, XIII | NCT, 649)
Final

Segundo as rubricas do Missal, esta celebração, tal como começou, termina em silêncio, sem qualquer cântico final. (M.R. p.280 n.28)

[BML] Boletim de Música Litúrgica, Serviço Diocesano de Música Litúrgica, Porto.
[CAC] Pe. Manuel Luís - Cânticos da Assembleia Cristã, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2006.
[CEC I] Cânticos de Entrada e Comunhão, vol. 1, 3.ª ed, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2007.
[CEC II] Cânticos de Entrada e Comunhão, vol. 2, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 1999.
[CLMS] D. Celestino Borges de Sousa - Cânticos Litúrgicos, Mosteiro de Singeverga.
[CN] Cantoral Nacional para Liturgia, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2019..
[CP I] Con. António Ferreira dos Santos - Canto Perene, vol. 1, Secretariado Diocesano de Liturgia, Porto, 2003.
[CP III] Con. António Ferreira dos Santos - Canto Perene, vol. 3, Secretariado Diocesano de Liturgia, Porto, 2003.
[ELC] Vitor Pereira (arranjos de José Joaquim Ribeiro) - Esta Luz de Cristo, Cânticos para a Liturgia, Paulinas Editora.
[ENPL] Guiões dos Encontros Nacionais de Pastoral Litúrgica, Fátima.
[IC] A Igreja Canta, 2.ª ed, Comissão Bracarense de Música Sacra, 2005.
[LHC II] Liturgia das Horas: Edição para Canto, vol. 2, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2003.
[LHTP-FS] Con. António Ferreira dos Santos - Liturgia das Horas: Tempo Pascal, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2012.
[LHTP-ML] Pe. Manuel Luís e Pe. António Cartageno - Liturgia das Horas: Tempo Pascal - Sexta-feira da Paixão do Senhor e Sábado Santo, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2012.
[Libellus] Libellus - Revista de Música Sacra, Libellus Usualis - Divulgação de Música Sacra.
[NCT] Novo Cantemos Todos, Editorial Missões, Cucujães,1990.
[NRMS] Nova Revista de Música Sacra, Comissão Bracarense de Música Sacra, Braga.
[OC] Con. Carlos da Silva - Orar Cantando, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2001.
[OC_2] Con. Carlos Silva - Ora Cantando, 2ª edição, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2014.
[OCL] Pró-manuscrito , publicado pelo site O Canto na Liturgia.
[OL] Ora et Labora, Revista do Mosteiro de Singeverga.
[RBP] Pe. Miguel Carneiro - Ressuscitou o Bom Pastor, Paulus Editora, Lisboa, 2007.
[SDLG] Secretariado Diocesano de Liturgia da Guarda, -.
[SDLP] Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto, .
[SRAO A] Pe. António Azevedo de Oliveira - Salmos Responsoriais: Ano A, Música Sacra, Braga, 1989.
[SRAO B] Pe. António Azevedo de Oliveira - Salmos Responsoriais: Ano B, Música Sacra, Braga, 1990.
[SRAO C] Pe. António Azevedo de Oliveira - Salmos Responsoriais: Ano C, Música Sacra, Braga, 1991.
[SRMC A] Pe. Miguel Carneiro - Eu Vos Louvarei, Senhor: Salmos Responsoriais – Ano A, Paulus Editora, Lisboa, 2008.
[SRMC B] Pe. Miguel Carneiro - Deus fez maravilhas: Salmos Responsoriais – Ano B, Paulus Editora, Lisboa, 2008.
[SRMC C] Pe. Miguel Carneiro - Povo do Senhor, exulta e canta: Salmos Responsoriais – Ano C, Paulus Editora, Lisboa, 2009.
[SRML] Pe. Manuel Luís - Salmos Responsoriais e Aclamações ao Evangelho, Comissão de Liturgia e Música Sacra do Patriarcado de Lisboa, Lisboa, 1997.